Da Cronopia de vida surreal
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Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do are os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
Mário Cesariny (9.8.1923-26.11.06)
hoxe aínda máis,
(obrigada, muller máis lista que a ficción)
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do are os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
Mário Cesariny (9.8.1923-26.11.06)
hoxe aínda máis,
(obrigada, muller máis lista que a ficción)
3 Comments:
[e entre nós e as palavras, o nosso dever falar]
...e dizer sempre, para correr todos os riscos, e fracturar o real para melhor compreendê-lo. A palavra é uma fractura, não é Abalante? É uma fractura que dói, às vezes aprisiona, mas também pode libertar, não é? Ando tão perdido, querendo fugir. Um beijo para ti.
Fractura liberadora e cola como ar em que se encontrar, poeta. Os teus labirintos sempre te (e nos) levam mais arriba.
Abraço contente da tua visita. Beijo rompedor para a viagem...
as palabras forman a ficción. o que non existe. as palabras definen o universo que nos inventamos. as palabras son mentira. a realidade como palabra non é realidade.
entre nós e as palabras non hai nen ar. só estamos nós, polo tanto. e é posible que esteamos sós.
hoxe é lúa chea. aínda máis é todo 'surreal'
bicos de mentira real e de ficción verdadeira.
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